quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Tempo Gasto


O moço encontrara outra folha virgem em seu caderno.
Vomitou mediocridades aleatórias até o dia virar.
Quando se sentiu satisfeito, leu e releu trinta vezes,
e depois releu mais uma vez. Arrancou a folha,
jogou-a no lixo.

Remontou a essência sentimental em sua consciência
reestruturou as bases do eu. Não hesitou, reiniciou
E ele reescreveu o mesmo texto que há pouco contemplou.
Sentiu nojo das rimas falsas, como aquela logo acima.
Repetiu.

Refez o mesmo texto com diferentes palavras,
e a cada vez que o fazia, mais um papel ia ao lixo.
Cada vez mais a essência do texto tomava contrastes,
cores, diferentes formas, paixão, profundidade.
Repetiu.

“Já se passaram dois anos.”, mas pareciam séculos.
Foram mais cento e vinte e sete tentativas.
“Já se passaram quatro anos.”, mas pareciam décadas.
Foram mais sessenta e três tentativas.
“Já se passaram vinte anos.”, mas pareciam dez.
Foram mais vinte e três tentativas.
“Já se passaram quarenta anos.”, mas pareciam dois.
Chegou-se a última tentativa.
“Já se passaram sessenta anos.”, mas foi como num segundo.

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