sexta-feira, 8 de junho de 2012

Segunda-Feira


Acordar.
Todas as manhãs e ver-te ignorar o que faço para lhe chamar a atenção, da forma mais sutil possível. Esperando eternamente, ansiosamente para te ver voltar.

Deitar.
Todas as madrugadas para te imaginar dando atenção quando te espero ignorar, com aqueles seus olhares singelos dentre vagões numa manhã gelada e atormentada. Pois você estaria onde procuro estar, da forma que procuro achar, onde você desejaria estar.
Quem sou eu para esperar algo de ti? Observar teus olhos me dá chaves para a sua alma, sussurrando dentre a chuva: “Você é minha flor que há pouco nasceu, mas há muito tempo já morreu.”.

Meu respirar já não é mais para enfeitar seu jardim? Mas, meu amor, eu desejava estar no vaso que você admira todas as noites... A flor que espalha o teu perfume favorito, para dormir com aquele cheiro da Noite que revivia suas melhores memórias.
Eu não sou?
Eu não sou.

Me enojava dos dias em que o Sol nascia, pois recordo que sua alma é tão confusa a ponto de me lembrar uma tempestade. Um dia nublado, com pesadas nuvens prestes a desabar sobre o mar de prédios e os riachos de carros que se formam na manhã de Segunda-Feira.
Repetir as palavras do papel me enfraquece, então prefiro te colocar em minha frente, com a coragem: 

Um homem predestinado demonstra perfeição, mas um homem sábio demonstra paixão.

E quando Vênus nascer no céu de Júpiter novamente, poderei te dizer que espero nada de ti, pois para ti também possuo nada.
Mas não vou ter coragem de te dizer o que eu imaginava dizer. Agir da forma que imaginava agir. Então vou aguardar. Esperar até a próxima Segunda-Feira.

E quando você esperar da mesma forma que eu, quem sabe? (Monday - Ludovico Einaudi)