sábado, 25 de setembro de 2021

Sobre o que tenho feito

Raramente posto poemas em inglês aqui. Recentemente lancei uma demo de músicas aqui (também está no Spotify, Apple Music, afins). Arquivei algumas músicas antigas e abandonadas aqui. Postar poemas e textos nesse blog não é algo que tenho mais interesse em fazer, mas mantenho tudo online para posterioridade.

Não sei quanto a quem lê, só que tenho lidado bem com a pandemia. Nós estávamos todos sendo forçados a viver de uma forma que eu já vivia por escolha própria antes disso tudo, então não houve desafio. Medo também não é algo que senti.

Tenho passado inúmeros estresses, sem relação ao vírus. Bastante trabalho, questões familiares, inúmeras responsabilidades. Preciso arranjar um emprego novo ou alguma forma extra de fazer dinheiro por dificuldades financeiras. Isso se resolve com o tempo.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Viver Além da Vida

Erros que me assombram — que me intimidam — vêm detrás para pesar-me. Fiz-me inamável e tanto fui amado, ou me imaginava tal. Tenho meus objetivos e planos, mas meus sonhos, tão ao meu alcance, teimo serem inalcançáveis. Há sonhos que não mereço, recompensas que já não mais busco. Nunca tornei-me meio homem, sempre o fui, e passei pelos processos mais duros para sê-lo inteiro então. Estou aqui, e os sonhos não quero, pois é demais tarde.

Aprenda: ande devagar, fale devagar. Pause e dê tempo para que seus pensamentos ganhem chão até a boca. Dominância está na segurança, e segurança está no controle, e controle na serenidade. O saber é sereno, não exasperado. Lembre-se: ande devagar, fale devagar. Saiba onde encontra-se, e nunca precisará encontrar-se em nenhum lugar.

De que serve a pressa? A que perseguimos dia e noite e nos tira o sono e o prazer do surreal que nos decai com a cabeça à cama. De pouco serve aqui. Impaciência é medo, é submissão à fraqueza e pressão. Não há pressa para viver todos os dias; deve haver calma para construirmos, existirmos durante os dias que não teremos chance de viver. Isso é tradição.

Quando encontrei-a, perambulava em devaneio, interpretando auto-destruição como interpreta-se experiência. Vá devagar. Somos gotas num oceano. Prazeres e satisfações não são combustível, nem sequer objetivos maiores. Sua sede de conhecer o mundo é uma sede de conhecer-se, talvez por não carregar autoridade em praticar introspecção, talvez por não verdadeiramente encontrar personalidade no eu.

Há um mundo fora e um mundo dentro. Os mundos que mais importam que conheça encontrará olhando em si e ao redor. Além desse perímetro, julgue como onanismo fútil, do hedonismo mais cru.

O que lhe conecta ao solo da sua terra? Onde está sua continuidade, do passado e ao futuro? O que lhe ressurge seus ancestrais? Onde encontram-se os elementos de seu atavismo? Porque a modernidade torna-nos ocos, e buscamos na superfície a resposta para um novo tipo de homem. Porém, aos homens existe somente biogênese desde o primeiro, e será assim até a Eva do final dos tempos. Nada em ti vem do que já não viveu, e quão doce é esta verdade!

Se é jovem, pare e aprenda. Ande devagar, fale devagar. Vá devagar. Somos gotas num oceano. Não apresse-se. Não alimente-se do hedonismo, já que ele não alimenta. Amor não é a única coisa que há, e pouco amor se encontra nas flores que lhe oferecem. Fiz-me inamável pois não parei e aprendi, fiz-me meio homem assim. Reanimar-se desse modo não é tão simples quanto parece.

Busque tradição nas ruínas.

Quietude

Mente em branco, insular,
meu mundo num jarro à mar.
Ignorante a despeito;
um gênio imperfeito.

Pois digo nenhuma palavra.
Silêncio — digo nada.
É manhã de inverno,
brisa fria, tempo incerto.

Uma garganta quieta é uma mente quieta.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Corpo


Meus lábios querem viajar
por cada célula da pele,
cada textura estampada,
cada aresta lapidada
do diamante que você é.
Dos lábios aos ombros,
dos ombros aos bustos,
dos bustos às pernas,
das pernas aos pés.

E vem logo você me perguntar:
“Você não tem hora para voltar?”

Eu tenho, amor.

E minha hora logo chega
quando volta a hora de viajar.

sexta-feira, 6 de março de 2015

O Solilóquio Pro Anjo Que Me Faz Esquecer

Sem tua voz me acabo em pedaços,
metade do homem que costumo ser.
Sem teus olhos me faço perdido
como se nem a morte pudesse ater.

Aquela que me tira o controle —
a única que com pouco me aquieta.
Aquela que pronuncia meu nome
como se o cantasse na nota certa.

Contigo a chuva é uma canção.
Engraçado como as coisas são;
sempre em busca da perfeição,
e contigo a chuva é uma canção.

Contigo a noite é feita de amor.
Incrível quão desgraçado sou;
nunca importando aonde eu for,
só contigo a noite é feita de amor.

E digo: Que ironia bela —
deve ser só o jeito dela...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ritual


O círculo perfeito é feito a dois,
sangue com sangue, pele com pele.
Toda uma vida se faz disposta
para servir a outra, eterna,
amenizando dores com dores.

Estive perdido por semanas, anjo,
procurando por gemas nas pedras.
E teus dedos que enredam fiapos
da galáxia na boca de meu peito,
as nuvens flutuando em teu seio.

Minhas veias sangram pois querem,
pois motivo veem para que sangrem.
Por que não despejar sangue infecto
das mortes passadas? Estou pronto
para morrer de novo ao teu lado.

Não há tríade que substitua-nos
quando o teu bem é o meu bem.
A mente é um caleidoscópio,
e do que adiantam tantas faces,
e de onde brotam tantas cores,

se o círculo perfeito é feito a dois?