segunda-feira, 15 de abril de 2013

O Homem Que Nunca Terminava o Que Sempre Começava


eu deixei algo para trás / no meu caminho até aqui / e afastei meu foco / e aprisionei minhas asas / e assustei minhas falhas / já não tão falhas assim / eu bem investi meu tempo / até não ter mais no que investir / afinal, meu tempo, / tu te tornaste pedaço de mim / o que houvera de canto deixar / agora me impede de traçar o meu fim / expressão antes fluía, / mas hoje, durante devaneios do dia, / de soslaio chora a regrada cantiga / acertando arestas que a razão vê de ruim / noites em claro / mente em escuro / ai de meus olhos, / que mentem sobre tudo / perdoe-me a realidade / mal sei o que quero de verdade / sou o que queria ser / conheço o que vim a ter / mas agora não há por onde ir / nem restou por onde transcender / um toque dos lábios / temporário conforto? / um eterno desgosto? / não é bem assim... / um último olhar / doce intenção? / uma arma em mãos? / ou nada enfim... / julgar de gestos / eu, um desgasto? / como? se o que gasto /
só gasto assim ^

eu perdi a essência / buscando aperfeiçoá-la / eu assumi a culpa / buscando destrui-la / eu perdi a vontade / ao descobrir nenhum sentido / abracei meu próprio eu / como meu melhor amigo / vivo perdido nos eus / e os eus em mim se refugiam / pois eu não passo de um dos eus / que em meu ânimo agora habitam 

uma vida inteira / de início / meio / a início / a meio / ao início / e o meio

mas vivendo eternamente / em importuna inconclusão