quinta-feira, 21 de março de 2013

O Eremita

Simples
Singular
Serene
Só um segundo,
e um segundo somente

Perplexo
Plural
Perturbado
Por um segundo,
e um segundo somente

Intrigante
Único
Equilibrado
Ao que é eterno,
pois um segundo só mente

Meu senhor, me perdoe
Pois a vocação que procuro
se tornou um motivo
para isolar-me em dores.

Meu senhor, me humilhe
Pois a sensação que procuro
justo encontrei
no cheiro das flores.

Meu senhor, desvaneça
Rogo-te que esqueça
que minha sabedoria
o nega onde fores.

Meu senhor, inexista
Que teu filho desista
de meu profundo reflexo
submergir em cores.

Meu senhor, chore
Como teu mártir chora
Como a criatura suscita
que a solidão vá embora.

Me tranque para fora
em conforto, isolado
Vagando, assolado,
com o real, lado-a-lado.

Pelos caminhos
Pelas cicatrizes
Pelos córregos
Dentre os carros

Entendimento. Compreensão.
Profundidade. Solidão.
Discernimento. Pragmatismo.
Uma leve, mas saturada,
crítica, mas dissimulada
gota de tolice.

terça-feira, 12 de março de 2013

Santíssimo Sacramento


Uma rosa branca
de uma impura calma.
Mais um livro disposto
sobre a pilha da alma.
O semblante perdido
no canto da rua
distante, tão perto,
quanto a Terra à Lua.
O caminho longínquo,
com graves pingos,
a torrente um dia
chegará a inundar.
Túrbido conforto,
mórbido esforço,
ao antigo epitáfio
anseio a voltar.
Carregue-me seco
por cada degrau.
Leve o mal
num sopro celestial.
Angular, vossa voz.
Em seus cantos, os muros.
E nos cantos dos muros
os choros soam.
Num túmulo malvisto,
há séculos esquecido,
sentado perduro,
onde axiomas voam.
Agradável bonança obscura,
sob ar pesado, habituada soberba
de uma calma alma pura,
uma tenra rosa negra.